O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) declarou, em entrevista ao UOL, que vai acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) no caso da compra de 51 imóveis em dinheiro vivo pelo Clã Bolsonaro.
“Com o salário legal que a gente recebe não é possível [enriquecer na política], estou há 10 anos em Brasília e não moro em mansão, moro no mesmo apartamento funcional e não comprei mansão”, afirma o parlamentar.
Em seguida, Randolfe afirma que só “quem rouba” enriquece na política. “Não tenho carros de R$ 1 milhão, de R$ 500 mil, não tenho patrimônio dessa natureza. Creio eu que um salário de senador da República, que não é ruim, mas de R$ 22 mil, é incapaz desse tipo de fácil enriquecimento na política, é impossível. Só enriquece desse jeito na política quem rouba”, disse Randolfe.
“Por isso vou peticionar em relação a esse caso, só enriquece na política e constrói esse patrimônio quem está roubando. Estou convencido que teve ladroagem e roubo de alguma forma”, afirmou.
Além disso, Randolfe também criticou a falta de ação de órgãos fiscalizadores, por exemplo, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). “Não é um procedimento típico, é um procedimento claramente atípico, então queremos saber como e que esse dinheiro vivo anda circulando por aí. Por que o Coaf não identifica a retirada desse dinheiro vivo, já que qualquer tipo de movimentação acima de R$ 10 mil deveria ser identificado pelo Coaf? Como essas operações se deram?”, questionou.
Família Bolsonaro comprou metade do seu patrimônio com dinheiro vivo
Foram registrados em cartórios com o modo de pagamento “em moeda corrente nacional”, expressão padronizada para repasses em espécie, R$ 13,5 milhões. Em valores corrigidos pelo IPCA, o valor equivale hoje a R$ 25,6 milhões.
Não consta nos documentos de compra e venda a forma de pagamento de 26 imóveis, que somaram valores de R$ 986 mil (ou R$ 1,99 milhão em valores corrigidos). Transações por meio de cheque ou transferência bancária envolveram 30 imóveis, totalizando R$ 13,4 milhões (ou R$ 17,9 milhões corrigidos pelo IPCA).
Investigações do MP
Extensa e detalhada reportagem de Thiago Herdy e Juliana Dal Piva no UOL aponta que pelo menos 25 dos imóveis foram comprados em situações que suscitaram investigações do Ministério Público do Rio e do Distrito Federal.
Neste grupo, estão aquisições e vendas feitas pelo núcleo do presidente, seus filhos e suas ex-mulheres não necessariamente com o uso de dinheiro vivo, mas que se tornaram objeto de apurações como, por exemplo, no caso das “rachadinhas” (apropriação ilegal de salários de funcionários de gabinetes).