O Sistema Gabarito de ensino, uma rede de escolas particulares, promoveu um mutirão de doação de sangue na unidade Rondon, para colaborar com o Hemocentro de Uberlândia. A ação, encabeçada pelo professor de biologia Fernando Borella, contou com a participação de 43 estudantes, que se voluntariaram para ajudar o banco de sangue da cidade.
De acordo com informações do Ministério da Saúde¹, o sangue doado pode salvar a vida de pessoas que passam por tratamentos procedimentos de grande complexidade, como transplantes, cirurgias, transfusões e também de pacientes crônicos de doenças como talassemia e anemia falciforme. Uma única doação pode salvar até quatro vidas.
“Eu tenho uma satisfação pessoal em doar sangue, me sinto muito realizado, e quis mostrar para outras pessoas, para que elas possam viver a experiência que eu vivi, e ter a satisfação que eu tenho. Além disso, falta muito, hoje no Brasil, a solidariedade, a empatia e o pensar no próximo. Doar sangue é poder ajudar pessoas que, muitas vezes não conhecemos, mas estão precisando de ajuda”, diz o professor Borella.
No ensino médio, os alunos aprendem sobre o sistema circulatório nas aulas de biologia, e a experiência de doar sangue oferece uma perspectiva única sobre o tema, constituindo um aprendizado complementar ao currículo tradicional em sala de aula. “Nas aulas, ensino sobre transfusões sanguíneas e tipos de sangue. E, nada mais interessante, do que colocar a teoria em prática, para que possam ver aquilo que estão aprendendo e sua aplicabilidade”, explica o professor.
De acordo com Borella, o Hemocentro de Uberlândia faz um trabalho fantástico, mas, talvez por estar um pouco deslocado do centro da cidade, muita gente não conhece, não tem tempo ou tem dificuldade em relação ao transporte para ir até lá. “Então, trazer para a escola é oportunizar, para essas pessoas, a experiência que eu já vivo há muito tempo, e que, quando os alunos vivenciam, muitas vezes se comprometem, tornando-se doadores frequentes”.
Os alunos que não podem doar, seja por não terem o peso recomendado, ou idade suficiente, ou apresentarem problemas de saúde, tatuagem, piercings ou cirurgia recente, enfim, que não atendem aos requisitos para a doação, participam da campanha convidando familiares e amigos e multiplicando as informações. “Mais de uma vez, eu já recebi relatos de ex-alunos que, até hoje, me mandam fotos indo doar levando alguém, então essa cadeia tem crescido”, lembra o professor. Para a doação de sangue, os adolescentes de 16 e 17 anos precisam ter um termo de autorização assinado por um responsável. Assim como todos os doadores de sangue, os candidatos só são aceitos para doação munidos de documento de identidade original e oficial com foto, e passam por todas as etapas da doação: conscientização, cadastro, triagem clínica, triagem laboratorial e coleta.
“O que eu mais valorizo nessas campanhas é a pessoa aprender a olhar para o outro, pois a gente está em um ambiente, que a pandemia fortificou, de individualidade tão grande, que, se eu estou bem, eu não estou muito preocupado com o próximo”, afirma Borella. Nos vários anos em que o professor realizou essa campanha, pôde perceber que, ao doar sangue, a pessoa passa a olhar para o outro, e entende que o sangue dela está salvando uma, duas, até três vidas. Só a doação dos 43 alunos da última edição produziu 129 bolsas de sangue, que vão contribuir para melhorar a saúde de quem as receber. “Às vezes, vivemos um privilégio tão grande, de estar numa bolha, em que nós não temos grandes necessidades envolvendo a saúde, que esquecemos que, fora da nossa bolha, há pessoas que precisam muito dessas doações. A pandemia aumentou um pouco isso, porque ela nos trancou. Mas, de pouquinho em pouquinho, voltaremos a ser um povo que sempre ajuda e pensa no outro”, complementa o professor.
Ele reforça que a doação na adolescência ajuda a desmistificar vários estigmas associados à doação, como os de que, se a pessoa doar, vai precisar doar para sempre, que precisa ser muito forte, que dói, passa mal, desmaia, que vai se contaminar etc. “Tratando do assunto com informação correta e credibilidade, esses mitos são desfeitos, um a um, e eles percebem que doar é muito tranquilo e só traz satisfação para quem doa e quem recebe”, afirma o professor.
Outro ponto importante da campanha de conscientização que o professor gosta de enfatizar é que, a cada ano, o número de pessoas que querem doar aumenta, mas o número de pessoas que podem doar diminui. Porque, na hora em que os adolescentes conhecem as restrições, percebem que a droga, sexo sem parceiro fixo, sem proteção e sem responsabilidade já excluem um grande número de pessoas. “Então, ao mesmo tempo que é uma campanha importante, ela mostra um cenário de preocupação também, porque revela o quanto os adolescentes não estão sendo cuidadosos, com atitudes que, não apenas impedem uma doação de sangue, mas os tornam vulneráveis a uma gravidez precoce, uma IST, ou coisas do tipo, e isso é alarmante”, alerta Borella.
Fonte: Agência Dino