Artur Ribeiro Mesquista, de 15 anos, adaptou uma ‘sala de aula’ na mangueira para acompanhar as aulas remotas; estudante ganhou internet e hoje acompanha as aulas de dentro de casa
A história do estudante de 16 anos morador de Alenquer, no oeste do Pará, que subia nos galhos de uma mangueira para ter sinal de internet e acompanhar as aulas remotas durante a pandemia é emblemática dos problemas enfrentados pela educação brasileira no período.
Hoje, o paraense Artur Ribeiro Mesquita, aluno do primeiro ano do ensino médio, tem internet em casa e comemora poder estudar com menos dificuldade.
O setor educacional foi um dos mais afetados no país, com escolas fechadas, aulas suspensas e uma retomada lenta, o que causou grande impacto na vida de milhões de estudantes. Até que os prejuízos sejam amenizados, pesquisas apontam que deverão ser necessários, no mínimo, três anos.
A previsão para a recuperação da aprendizagem é da organização Todos Pela Educação baseada em pesquisas realizadas em outros países que fecharam escolas por conta de outras pandemias ou desastres naturais
“É muito difícil a gente conseguir precisar [o tempo] porque nunca vivemos uma situação dessas antes, com escolas fechadas por tanto tempo. É um processo a longo prazo”, explica Ivan Gontijo, coordenador de Políticas Educacionais da entidade.
Com a retomada de atividades ainda lenta e readaptação das instituições de ensino, o reflexo foi visto no ensino dos estudantes. A pandemia revelou um cenário de desigualdades.
Gontijo pontua que o ensino remoto teve dois problemas: a estruturação não atendeu as necessidades básicas dos alunos e nem chegou igualitariamente a todos.
Foi o caso do estudante paraense. “O ensino ficou prejudicado, mas, com o tempo, ganhei internet em casa e ficou melhor. Agora, posso estudar dentro de casa. Antes, só pegava sinal lá na árvore”, conta Artur.
Com as flexibilizações, Artur voltou a ter aulas presenciais, mas ainda estuda pela internet. Ele passa uma semana morando em uma casa alugada na cidade para conseguir ir à escola e, na outra, acompanha o conteúdo pelo celular ou computador, possibilitado pela doação de suporte para ter acesso à rede de computadores na zona rural.