Até o dia 18, representantes de mais de 190 países vão participar, no Egito, da Conferência de Cúpula da ONU sobre Mudança do Clima, a COP-27. A Câmara dos Deputados também terá representantes de vários partidos no evento que busca acordos internacionais em torno de ações concretas para conter o aquecimento global e enfrentar as catástrofes climáticas cada vez mais frequentes e intensas.
Ex-presidente da Comissão de Meio Ambiente e ex-coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, o deputado Nilto Tatto (PT-SP) já está no Egito e, em entrevista à Rádio Câmara, afirmou que a ida à COP-27 do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e da deputada federal eleita Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente, causa expectativa para a retomada do protagonismo do Brasil nos debates.
Tatto avalia que a experiência dos governos anteriores de Lula traz a perspectiva de efetivo combate ao desmatamento, que é o principal responsável pelas emissões de gases do efeito estufa pelo Brasil. O deputado ressaltou ainda a necessidade de conciliar a agenda ambiental com a de combate à fome e de incentivo à agricultura sustentável.
“Além da liderança do próprio Lula, há o papel do Brasil pela sua dimensão, pela sua capacidade de produção de alimento, pela quantidade de florestas que tem, por ser responsável por 20% da biodiversidade [do planeta]. Há uma agenda conjugada de enfrentar as desigualdades e enfrentar a crise climática. E o Brasil, dentre os países do conjunto da ONU, é o que tem melhores condições para fazê-lo”, afirmou.
Em discurso após a eleição, Lula prometeu uma reviravolta na política ambiental do Brasil por meio de investimentos no desmatamento zero da Amazônia, monitoramento de todos os biomas, incentivo à “economia verde digital” e criação do Ministério dos Povos Originários, entre outras medidas.
Como efeito internacional imediato da eleição no Brasil, Nilto Tatto citou o anúncio da Noruega de retomar os investimentos no Fundo Amazônia para incentivo a projetos de desenvolvimento sustentável no bioma.
Outro deputado que estará presente na cúpula climática, Bacelar (PV-BA) usou as redes sociais para afirmar que Lula “recoloca as questões florestais, indigenistas e climáticas no centro e no lado certo da política”.
Papel-chave
Dirigente da Frente Parlamentar da Agropecuária, o deputado Zé Silva (Solidariedade-MG) também já chegou ao Egito, depois de participar de debate sobre a Amazônia promovido pela International Conservation Caucus Foundation, nos Estados Unidos. Para Zé Silva, a COP-27 precisa implementar metas climáticas inadiáveis e o Brasil tem papel-chave nesse objetivo. “A expectativa é de o Brasil ampliar as negociações com todas as nações. Nós só temos uma opção: produzir alimentos e preservar o meio ambiente, e o Brasil precisa ter papel de protagonista”, disse.
Zé Silva classifica como avanço o fato de o Brasil estar representado por três espaços na COP-27: o do governo federal, o do consórcio de estados da Amazônia e o da sociedade civil.
Sucessivos relatórios do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança do Clima (IPCC) mostram o aumento do aquecimento global e das consequentes vulnerabilidades do planeta e da biodiversidade. Na COP-27, temas como adaptação climática, mitigação dos gases do efeito estufa e mecanismos globais de financiamento voltam a ser debatidos. A regulação internacional do mercado de carbono é outro assunto recorrente.