A PF suspeita que o grupo criminoso liderado por Carlesse tinha interesse em comprar terrenos no entorno do Jalapão com o objetivo de lavar dinheiro obtido em esquemas de corrupção dentro do governo estadual
Conhecido por ser um dos mais procurados em destinos de turismo ecológico no Brasil e por ser das áreas de proteção ambiental mais preservadas do Cerrado, o Jalapão virou alvo de uma investigação da Polícia Federal (PF) que envolve suspeitas de lavagem de dinheiro, desvios de recursos públicos e enriquecimento ilícito por parte do governador de Tocantins, Mauro Carlesse (PSL) – afastado da posição desde outubro de 2021.
A PF suspeita que o grupo criminoso liderado por Carlesse tinha interesse em comprar terrenos no entorno do Jalapão com o objetivo de lavar dinheiro obtido em esquemas de corrupção dentro do governo estadual. A investigação já encontrou pelo menos uma propriedade comprada por uma pessoa ligada a Carlesse, apontada pela PF como laranja do governador.
O terreno que possui cerca de 1.399 hectares está localizado município de Mateiros, onde se encontra o Parque Estadual do Jalapão, aproximadamente 300 km de Palmas. Foi adquirido em 20 de julho do ano passado por R$ 2 milhões, conforme escritura lavrada em cartório.
Investigação
As provas reunidas pela PF reforçam as suspeitas de que o governador afastado é o verdadeiro dono do terreno: a transação foi feita por meio de uma empresa da qual ele era o dono e que estava sob responsabilidade de um aliado. “A operação foi realizada por meio da empresa Maximuss Participações SA, na pessoa do seu diretor presidente, Erick de Oliveira Araújo, que possui renda de R$ 13.000,00 mensais e ingressou no quadro societário da empresa Maximuss Participações S/A, no mesmo dia em que Mauro Carlesse deixou de fazer parte”, diz trecho da investigação.
Em entrevistas com moradores da região, a PF soube que outra pessoa ligada ao governador, pai de um secretário de sua gestão, também esteve prospectando terrenos. “A informação mais relevante e que chamou a atenção dos policiais foi que todos entrevistados foram uníssonos em afirmar que Luiz de Souza Barbosa estava comprando terras a ‘rodo’ (expressão utilizada para indicar grande quantidade) naquele município e no seu entorno para o governador do estado do Tocantins, Mauro Carlesse” , observa o relatório da PF. O inquérito agora tenta rastrear que outras propriedades foram adquiridas.
A defesa de Carlesse nega irregularidades e afirma que o responsável pela compra do terreno no Jalapão foi Erick de Oliveira Araújo. Diz ainda que a concessão do parque à iniciativa privada “faz parte do plano nacional de expansão e incentivo ao turismo”, cujo planejamento e implantação eram divulgados há anos pelo BNDES e pela imprensa. Sobre a construção do aeroporto, alega que o projeto estava previsto desde 2001. O advogado Nabor Bulhões afirma que “a defesa desmontou o amontoado de especulações da PF e do MPF” contra seu cliente. Informações obtidas no jornal Extra.