O Plenário do Senado celebrou nesta sexta-feira (21) o Dia do Professor, em sessão especial proposta e presidida pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF). O evento teve a participação de professoras de escolas públicas e privadas do Distrito Federal, que pediram mais valorização da carreira, para evitar um colapso educacional, com carência de profissionais.
A sessão também prestou uma homenagem ao professor Marco Antônio Del’Isola, que foi diretor de escolas particulares em Brasília (DF) e faleceu em março deste ano. O evento teve a presença do ministro da Educação, Victor Godoy.
A valorização do magistério foi citada logo na primeira fala da tarde, de Gicileide Ferreira, diretora do Centro de Ensino Especial do Guará. Ela pontuou que os professores cumprem uma missão “muito árdua” e que é tarefa do gestor da educação “amparar” esses profissionais.
— A educação está acima de tudo. Eu vejo todos os colegas darem o máximo de si para que os nossos alunos saiam dali para uma vida melhor. Ao mesmo tempo, fico triste porque a nossa profissão não é valorizada. Hoje, quando os estudantes saem do ensino médio, dificilmente querem ir para o magistério. Esta Casa precisa dar um olhar para essa profissão, porque senão, daqui a 20, 30 anos, vai ter um colapso, porque não vai ter professor — alertou.
O senador Confúcio Moura (MDB-RO) também disse enxergar fatores que, na sua visão, podem levar a um “apagão” de professores nos próximos anos. Ele enumerou medidas que devem ser tomadas para que a profissão não sofra esvaziamento nem perca profissionais.
— [Existe] a necessidade premente de uma proteção dos professores, uma formação ajustada para a realidade brasileira, de um novo professor que possa enfrentar as consequências da pandemia nas escolas, do desnivelamento dos meninos no aprendizado. [Existe] a questão também do incentivo e da motivação para ser professor.
Homenagens
A sessão teve a participação de duas representantes da população estudantil, que transmitiram mensagens de reconhecimento e agradecimento aos mestres. Débora Castro Braga, de nove anos, pediu aos senadores que se dediquem a ajudar os professores. Ela é aluna da Escola Classe 403 Norte, uma escola pública de Brasília.
— Falo em nome das crianças que têm a vida impactada pelas ações de professores e professoras. Todos que trabalham aqui nesta Casa, independente da função que ocupam, passaram pelas mãos de professoras e professoras. Quero pedir para que os senhores, que fazem as leis, reconheçam o valor do professor e lutem por melhores condições no desempenho dessa profissão tão importante.
Patrícia Andrade, ex-aluna do Colégio Marista, falou em memória do professor Marco Antônio Del’Isola. Ele foi professor de química e diretor da instituição, e também do Colégio Mackenzie.
— Isola, como a gente o chamava carinhosamente, simboliza o empenho dos profissionais da educação. Como muitos educadores, ele ia muito além da sala de aula. Era daqueles professores que se preocupava com os alunos além da nota na prova. Foi apaziguador, conciliador e aplicador da administração escolar. Gerações de alunos do Marista e do Mackenzie tiveram a oportunidade de partilhar dos seus conhecimentos e da sua amizade.
Cristina Del’Isola, também professora e viúva de Marco Antônio, participou da sessão e agradeceu pelo reconhecimento ao marido. Os dois foram os fundadores do movimento Maria Cláudia Pela Paz, em homenagem à filha do casal, Maria Cláudia Del’Isola, que foi assassinada em 2004, aos 19 anos.
Projetos
O ministro da Educação, Victor Godoy, elogiou a iniciativa do Senado de celebrar o Dia do Professor. Ele apresentou durante a sessão algumas iniciativas da pasta para reforçar o trabalho dos professores.
— Temos trabalhado para trazer condições melhores de infraestrutura, de tecnologia e de formação para dar melhores possibilidades para as nossas escolas públicas oferecerem a educação de qualidade que vemos nas escolas privadas. O sistema educacional brasileiro é muito complexo e depende da concertação de diversos esforços, do ministério, do Congresso, das secretarias e da sociedade. Temos levado às escolas públicas algumas iniciativas que, a médio e longo prazo, acreditamos, transformarão a qualidade do ensino no país — declarou.
Também participou da sessão a secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, que destacou projetos sociais e extracurriculares desenvolvidos em escolas públicas locais, com a coordenação de professoras.
— É dever da escola participar intensa, afetiva e efetivamente, do cotidiano de formação, bem como exercer os preceitos da atividade educacional, ultrapassando a cena do ensino pedagógico, instrumentalizando o aluno para o exercício indispensável e pleno da cidadania — defendeu.